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Emotions seeker...

29 março, 2006

Há mails que valem a pena...

No meio das dezenas de mails aos quais fazem forward, que vêm parar à minhca caixa de e-mail, encontrei este que acho que merece estar aqui:

"Entrei apressado e com fome no restaurante. Escolhi uma mesa mais afastada do buliço para aproveitar melhor os minutos de que dispunha naquele dia atribulado. Queria comer e aproveitar para arranjar alguns bugs no meu portátil e num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias que há uns tempos não sei o que são. Pedi um peixinho grelhado, uma salada e um sumo. Afinal fome é fome, mas dieta é dieta. Abri o portátil mas entretanto assustei-me com uma voz baixinha atrás de mim:
- Vizinho, dás-me umas moedas?
- Não tenho rapaz.
- Só uma, para comprar pão.
- Tá bem, eu compro-te pão.
Para variar, o meu e-mail está superlotado. Fico distraído a ler as poesias, as lindas formatações e farto-me de rir com as as piadas. Ah! E essa música que me leva até Londres e me traz boas lembranças.
- Ò vizinho, podes pedir para por manteiga e queijo?
Percebo que o chavaleco tinha ficado por ali.
- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar. Tou muito ocupado, tá bem? Chega a minha refeição e com ela o meu embaraço. Peço o pão com manteiga e queijo pro miúdo, e o empregado pergunta-me se quero que ele mande o puto embora. Os meus resquícios de consciência, impedem-me. Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar! Traga o pão e já agora mais uma refeição completa para ele. Então o miúdo sentou-se à minha frente e perguntou-me:
- O que é que estás a fazer?
- Tou a ler e-mails.
- O que são e-mails?
- São umas mensagens eletrónicas enviadas por outras pessoas pela Internet. (Sabia que ele não ia perceber nada mas para me livrar de mais perguntas...)
- É como se fosse uma carta, só que é pela Internet.
- Vizinho, tu tens Internet?
- Tenho sim. É muito importante no mundo de hoje.
- E o que é a Internet?
- É um sítio dentro do computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas.
Notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem tudo o mundo virtual.
- E o que é mundo virtual?
Dei uma explicação simples, novamente com a certeza que ele pouco ia perceber e que me ia deixar comer o meu almoço, sem culpas.
- Virtual é um sítio inventado, que não podemos agarrar nem tocar. Lá criamos coisas que gostávamos de fazer. As nossas fantasias e transformamos o mundo quase como gostávamos que fosse.
- É muita fixe isso.
- Percebeste o que é virtual, rapaz?
- Sim! Sim! Eu também conheço esse sítio inventado da imaginação.
- Mas tu tens computador?
- Não, na minha casa também é assim...virtual. A minha mãe tá fora o dia todo, chega muita tarde e eu quase não a vejo. Eu é que trato do meu mano pequeno que chora muito e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa. A minha irmã mais velha sai o dia todo e disse-me que vai vender o corpo, mas eu não percebo, porque ela volta com o corpo sempre para casa. O meu pai tá preso há muita tempo, mas eu imagino nós todos juntos, em casa, com muita comida e muitos brinquedos do natal e eu a ir prá escola pa ser médico. Isto é virtual, não é vizinho???
Fechei o meu portátil, não sem antes algumas lágrimas caírem em cima do teclado. Esperei que o puto devorasse o prato dele, paguei e dei-lhe o troco. Ele retribuiu-me com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi até hoje e com um:
- "Cinco estrelas! Tu és bué da fixe."
Ali, naquele momento, caiu-me em cima todo o virtualismo insensato onde vivemos fechados todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia e nós fazemos de conta que não a vemos!"
Se é História ou Estória, pouco me importa! O que me importa é a mensagem..."

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sem palavras... Sinto-me REALMENTE sem palavras...

9:01 da manhã  

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